Merece sua atenção - Marco Antonio Araujo: mais um pouco e a Globo vira Record
sábado, 14 de maio de 2011 06:01
Postado por Equipe Rebelde Brasil
Em entrevista a Mauricio Stycer, crítico de TV do UOL, o diretor-geral da Globo, Octavio Florisbal, assume, com aquele jeitão autossuficiente, que a emissora vai ter que correr atrás do prejuízo. E da Record, quem diria!
Por Marco Antonio Araujo, no Blog do Provocador
Até que enfim o governo Lula começou para a Rede Globo. Como sempre, com décadas de atraso, a Velha Senhora percebe que o Brasil mudou. Mais um pouco e vai ter que aceitar que vivemos em uma democracia.
Observem o que diz o texto, logo no início:
“No embalo do crescimento econômico recente do país e das projeções otimistas para os próximos anos, a Rede Globo aprofundou um processo de modificações em sua programação para atender a uma nova clientela: a emergente classe C. As mudanças afetam as áreas de novelas, os programas de humor e o jornalismo. E objetivam deixar a programação mais popular. A nova classe C, na visão da emissora, quer se ver retratada nas telas.”
Eureka!
Então, quer dizer, finalmente, que a “popularização” que a Record pratica há anos, sempre sob o olhar arrogante e presunçoso dos oráculos globais, estava certa? Mais um pouco e a Globo renegará as elites deste país, a quem tão bem serviu.
Jornalismo popular a Record sempre fez, com a clara intenção de se comunicar com as classes C, D e E, que, para o executivo (vejam só), “têm uma vida própria, com características próprias. Nós precisamos atendê-los”. Incrível. Visionário, não é mesmo?
Telejornais conversados, reportagens com plano sequência, inteligíveis para todos, e com temas pertinentes à vida de qualquer cidadão comum fazem parte do noticiário da Record há anos. Por algum milagre, deixarão de ser apelidados de “sensacionalistas” e “apelativos”.
Percebam o quanto um homem pode se regenerar, nas sábias palavras de Florisbal: “Eles têm que ver a sua realidade retratada nos telejornais. Eles querem ter uma linguagem mais simples, para entender melhor.” Eles quem? A classe média “emergente”.
Mais um pouco e a Globo admitirá que existem pobres neste país! E é capaz até de colocá-los em sua programação, sempre tão elitista, repleta de milionários em seus jatinhos, nas novelas em que os ricos e canalhas sempre se dão bem.
Na Record, favela é cenário desde Vidas Opostas, novela de 2006. Repito: 2006. Pela entrevista, somos advertidos que a próxima novela de Aguinaldo Silva vai se passar na “periferia”. Uau. Que revolução.
Capaz de vermos gente humilde vestida com roupas humildes na tela da Globo. Como farão com os merchandisings? Fiquei curiosíssimo.
Florisbal, mediúnico como ele só, percebeu que houve em nosso país uma forte “mobilidade social ocorrida em função do crescimento da renda e do emprego”.
Talvez isso explique a crise por que passam o PSDB e o DEM (não, não mudei de assunto). Mais um pouco, uma década talvez, e a Globo vai perceber que o governo Lula acabou. Entrou uma mulher no lugar. É o que dizem por aí.
A Fantástica Máquina de Calcular
Já que a entrevista está sendo publicada em capítulos, volto a dar meus pitacos nessa novela, cujo nome bem poderia ser “Dissimulação”. Neste episódio, o diretor-geral da Globo vem a público falar sobre futebol e Olimpíadas.
E aqui cabe uma obviedade: quando um homem desses vem a público, é porque ele quer mandar recados. Ele é um profissional, não veio ao mundo para gentilezas. Nas entrelinhas e, principalmente, nos grifos da matéria, a intenção parece clara: justificar o injustificável.
Em vez de assumir que fugiu de uma licitação transparente pelo Campeonato Brasileiro, com regras oficialmente criadas por um órgão federal (o Cade), preferindo a tática de aliciamento dos clubes e de terra arrasada no Clube dos 13, Florisbal fica desfiando números como uma Velha Senhora fazendo tricô.
Mas o cachecol que agasalha seus argumentos ficou meio apertado. Ao justificar a perda do direito de transmissão em TV aberta dos Jogos Olímpicos de 2012 para a Record, ele diz:
“Nós tínhamos uma visão de que os Jogos Olímpicos de 2012 deviam valer, para o Brasil, entre US$ 25 milhões e US$ 30 milhões... E foi essa oferta que fizemos, dentro da realidade de mercado... Se passar daqui, vai dar prejuízo. A oferta vencedora foi o dobro disso.”
Ah, é? Mas o que li é que foram cerca de U$ 25 milhões o que a SporTV — canal a cabo das Organizações Globo — pagou pelo direito de transmissão. Repito: a cabo, em que os valores são bem menores. Por que a mesma Globo que Florisbal comanda aceitou pagar um valor tão alto no cabo? Caridade? Erro de estratégia? Desespero?
Mal informado o Florisbal não é. Vai ver esqueceu esse detalhe ou fecharam o negócio sem avisá-lo.
E quanto ao valor oferecido pela Globo para as Olimpíadas de 2016? O chefão da emissora não deve ler jornais. Se lesse, saberia o que é de domínio público: a Globo ofereceu R$ 160 milhões pelas Olimpíadas de 2016, sem exigir exclusividade. E detalhes: antes mesmo de saber que o Rio seria a cidade-sede.
Duvido que alguém em um cargo tão importante desconheça essas informações. Vai ver, mentiu mesmo. Ou se emaranhou na lã de seu casaquinho de tricô.
Observem o que diz o texto, logo no início:
“No embalo do crescimento econômico recente do país e das projeções otimistas para os próximos anos, a Rede Globo aprofundou um processo de modificações em sua programação para atender a uma nova clientela: a emergente classe C. As mudanças afetam as áreas de novelas, os programas de humor e o jornalismo. E objetivam deixar a programação mais popular. A nova classe C, na visão da emissora, quer se ver retratada nas telas.”
Eureka!
Então, quer dizer, finalmente, que a “popularização” que a Record pratica há anos, sempre sob o olhar arrogante e presunçoso dos oráculos globais, estava certa? Mais um pouco e a Globo renegará as elites deste país, a quem tão bem serviu.
Jornalismo popular a Record sempre fez, com a clara intenção de se comunicar com as classes C, D e E, que, para o executivo (vejam só), “têm uma vida própria, com características próprias. Nós precisamos atendê-los”. Incrível. Visionário, não é mesmo?
Telejornais conversados, reportagens com plano sequência, inteligíveis para todos, e com temas pertinentes à vida de qualquer cidadão comum fazem parte do noticiário da Record há anos. Por algum milagre, deixarão de ser apelidados de “sensacionalistas” e “apelativos”.
Percebam o quanto um homem pode se regenerar, nas sábias palavras de Florisbal: “Eles têm que ver a sua realidade retratada nos telejornais. Eles querem ter uma linguagem mais simples, para entender melhor.” Eles quem? A classe média “emergente”.
Mais um pouco e a Globo admitirá que existem pobres neste país! E é capaz até de colocá-los em sua programação, sempre tão elitista, repleta de milionários em seus jatinhos, nas novelas em que os ricos e canalhas sempre se dão bem.
Na Record, favela é cenário desde Vidas Opostas, novela de 2006. Repito: 2006. Pela entrevista, somos advertidos que a próxima novela de Aguinaldo Silva vai se passar na “periferia”. Uau. Que revolução.
Capaz de vermos gente humilde vestida com roupas humildes na tela da Globo. Como farão com os merchandisings? Fiquei curiosíssimo.
Florisbal, mediúnico como ele só, percebeu que houve em nosso país uma forte “mobilidade social ocorrida em função do crescimento da renda e do emprego”.
Talvez isso explique a crise por que passam o PSDB e o DEM (não, não mudei de assunto). Mais um pouco, uma década talvez, e a Globo vai perceber que o governo Lula acabou. Entrou uma mulher no lugar. É o que dizem por aí.
A Fantástica Máquina de Calcular
Já que a entrevista está sendo publicada em capítulos, volto a dar meus pitacos nessa novela, cujo nome bem poderia ser “Dissimulação”. Neste episódio, o diretor-geral da Globo vem a público falar sobre futebol e Olimpíadas.
E aqui cabe uma obviedade: quando um homem desses vem a público, é porque ele quer mandar recados. Ele é um profissional, não veio ao mundo para gentilezas. Nas entrelinhas e, principalmente, nos grifos da matéria, a intenção parece clara: justificar o injustificável.
Em vez de assumir que fugiu de uma licitação transparente pelo Campeonato Brasileiro, com regras oficialmente criadas por um órgão federal (o Cade), preferindo a tática de aliciamento dos clubes e de terra arrasada no Clube dos 13, Florisbal fica desfiando números como uma Velha Senhora fazendo tricô.
Mas o cachecol que agasalha seus argumentos ficou meio apertado. Ao justificar a perda do direito de transmissão em TV aberta dos Jogos Olímpicos de 2012 para a Record, ele diz:
“Nós tínhamos uma visão de que os Jogos Olímpicos de 2012 deviam valer, para o Brasil, entre US$ 25 milhões e US$ 30 milhões... E foi essa oferta que fizemos, dentro da realidade de mercado... Se passar daqui, vai dar prejuízo. A oferta vencedora foi o dobro disso.”
Ah, é? Mas o que li é que foram cerca de U$ 25 milhões o que a SporTV — canal a cabo das Organizações Globo — pagou pelo direito de transmissão. Repito: a cabo, em que os valores são bem menores. Por que a mesma Globo que Florisbal comanda aceitou pagar um valor tão alto no cabo? Caridade? Erro de estratégia? Desespero?
Mal informado o Florisbal não é. Vai ver esqueceu esse detalhe ou fecharam o negócio sem avisá-lo.
E quanto ao valor oferecido pela Globo para as Olimpíadas de 2016? O chefão da emissora não deve ler jornais. Se lesse, saberia o que é de domínio público: a Globo ofereceu R$ 160 milhões pelas Olimpíadas de 2016, sem exigir exclusividade. E detalhes: antes mesmo de saber que o Rio seria a cidade-sede.
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http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=6&id_noticia=154193
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